A não inserção de forma efetiva da
história africana e indígena é sem dúvida um dos maiores déficit dos sistemas
educacionais brasileiros. Vivemos e convivemos no segundo país mais negro fora
da África. Mais da metade da nossa população é negra (pardos e negros).
Concomitantemente somos também o mais racista. Os motivos para esse status quo
(estado de coisas) são diversos, ainda mais ao saber que fomos o último país
das Américas a abolir a escravidão, que por aqui durou mais de três séculos. Toda
via o norte dessa questão que ora apresentamos é, não sem razão, a grande
distância entre o que se escreve, o constante em documentos, seja na LDB
9394/96, seja na CF/1988.
Como ponto de partida e também de
reflexão, frisamos que a Lei 10.639/2003 completou uma década. O que nos deixa
um tanto quanto perplexos é que, mesmo depois de tanto tempo, a obrigatoriedade
da inclusão no currículo oficial da Rede de Ensino da temática "História e
Cultura Afro-Brasileira" constante desta lei ainda não vingou. O cenário
educacional brasileiro ainda não respeita esse princípio constitucional.
Faz-se necessário frisar que a não
adequação dos currículos escolares quanto a inserção da cultura afro-brasileira
nos conteúdos e trabalhados de forma sistemática é um pouco do reflexo da
própria sociedade brasileira, onde metade da população ainda tem de lutar um
bom tempo para ocupar papeis sociais na mesma medida de sua contribuição para a
formação multiétnica do povo brasileiro. Outro fator, também importante, é a
falta de material didático. Citemos ainda nesse rol de fatores, a não formação
continuada dos profissionais da educação, tendo como premissa uma
especialização nessa área.
Dessa forma, a ausência da análise e do
estudo da cultura afro-brasileira dificulta a oportunidade dos afrodescendentes
em construírem uma identidade. Tal pressuposto é um terreno fértil para a
disseminação de discursos e atitudes falsárias sobre a origem do povo negro e
sua trajetória.
Vale ressaltar que estamos imersos numa
sociedade plural e multiétnica. Nesse sentido, a escola precisa estar aberta
para essa pluralidade. O espaço das instituições de ensino é um universo. E é
exatamente por isso que necessitamos contemplar todos os universos possíveis,
trazendo nesse bojo às questões africanas, quilombolas, as ações afirmativas, a
cultura desses povos e todos os movimentos que foram e são referências dessa
mudança, como a capoeira que foi símbolo de resistência negra ao sistema
escravista e diversos grupos de valorização negra que vem mobilizando e
conscientizando essa juventude deste país.
Por intermédio deste projeto,
pretendemos dar uma visão de aprendizado e o propósito de uma reflexão efetiva
sobre a história e cultura afro-brasileira, enfocando a importância e a
valorização dos aspectos culturais negros, dentro do espaço escolar, vindo a
criar espaços com manifestações artísticas.
Ressaltemos também que será feito uma
revisão das discussões historiográficas sobre a temática, onde será aberto um
leque de discussões em face da diversidade cultural que perpassa pelo nosso
país, com a finalidade de que essa diversidade seja fomentada, disseminada e
valorizada.
Justifica-se ainda este projeto no
sentido de ir ao encontro do que está exposto na Lei nº 10.639/2003 do
Ministério da Educação que determina a obrigatoriedade do Ensino da História da
África e dos Africanos no Currículo Escolar nas modalidades do Ensino
Fundamental e Médio, sempre na perspectiva do exercício da politização e da
cidadania.
Espera-se que este projeto possa
contribuir no desenvolvimento de uma nova perspectiva sócio-cultural dos
discentes quanto ao povo negro. Intenciona-se ainda que os alunos venham a se
reconhecer como originários dos africanos, desabrochando um sentimento de
pertencimento e que passem a se engajar socialmente nessa luta ininterrupta
para quebrar estereótipos e preconceitos arraigados no seio da sociedade
brasileira.
A Culminância do Projeto Cultura Afro-brasileira na Escola
acontecerá no dia 20 de Novembro.
Segue o Cronograma das atividades que acontecerão nesta
data, Dia da Consciência Negra:
Manhã
Acolhida:
Professora/Diretora Lúcia Santana e Professora/Coordenadora Ana Maria; (07h30
às 08h00);
Palestra
“A Implantação e a Aplicabilidade da Lei 10.639/03 nas Redes Públicas de
Ensino” – Educadora Dayze Silva (Pretas Simoa – Grupo de Mulheres Negras do
Cariri); (08h00 às 08h40);
Apresentação
de Grupos Culturais – “Memórias de Pastinha”, de Altaneira. (Maculelê); (08h40
às 09h10);
Mostra
das Personalidades Negras que Mudaram o Mundo – Alunos e Alunas (09h30 às
11h50);
Tarde
Documentário
produzido pelos alunos/as sobre racismo também ligado a cultura
afro-brasileira; (12h50 às 13h20);
Apresentação
e debate sobre diagnóstico (gráfico) do sentimento de pertencimento do corpo
discente; (13h20 às 13h40);
Desfile
da beleza negra; (13h40 às 14h30);
Recital
do poema “Navio Negreiro”, de Castro Alves, pelos alunos José Erik e Angelina;
(14h50 às 15h00);
Dança
da cultura afro-brasileira (Waka Waka); (15h00 às 15h20);
Apresentações
de grupos culturais – “Muzenza”, de Santana do Cariri (roda de capoeira);
(15h20 às 16h00);
Exposição
(mural) de fotografias de personalidades negras e frases que fazem alusão à
contribuição do/a negro/a na formação do Brasil;
Considerações
finais: Professora/Diretora Lúcia Santana e Professora/Coordenadora Ana Maria;
(16h00 às 16h30).
Área: Ciências Humanas e Suas Tecnologias
Equipe de Professores:
Edizângela
Sales – Geografia
Yane Moura –
Sociologia/Filosofia
José Nicolau -
História
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