“Histórias
Natalinas”, PROMOVIDO PELA
BIBLIOTECA DA EEEP WELLINGTON BELÉM DE FIGUEIREDO/NOVA
OLINDA - CE
A
RENOVAÇÃO
Tudo
começou alguns meses antes do natal. Tudo estava bem. A mãe de
Lawey já sabia o que iria preparar para a ceia de natal. O pai havia
limpado a chaminé. Os irmãos já tinham pensado quais presentes
iriam comprar para colocar embaixo da grande árvore de natal que
seria montada na sala de estar. Apenas Lawey continuava triste, sem
planos. Não saia do quarto, sentindo a sua profunda e dolorosa
solidão.
Ela
era uma garota como as outras. Tinha pais adoráveis, amigos fiéis e
irmãos que apesar das confusões rotineiras o amor entre eles sempre
estava acima de tudo. Estudava na Escola Estadual da cidade em que
morava e reunia-se com as amigas todas as tardes de sábado, como de
costume. Mas, algo a tornava diferente das demais. E, esta mudança
começou desde o natal passado quando na véspera da noite mágica de
natal seu ex-namorado a traiu com sua melhor amiga diante de seus
amigos, familiares e colegas durante a festa natalina do colégio em
que estudava.
Tal
episódio a deixou muito magoada e ao voltar para casa, enquanto
dirigia o carro da sua mãe, ela avançou o sinal e acabou batendo em
um garoto que estava atravessando a faixa de pedestre, às 04:20 da
manhã. Foi um trágico acidente. Desesperada fugiu do local do
acidente sem prestar socorro, deixando sua vítima para trás.
Mais
tarde no noticiário do bairro ficou sabendo apenas que um garoto
atropelado no sinal ficara paraplégico. E esta foi a única notícia
que teve sobre o ocorrido. Porém, a cena do acidente, naquela
madrugada de desespero, nunca mais saiu da cabeça. Lawey
martirizava-se diante da impunidade e fraqueza: “Não prestei
socorro. Não paguei idenização. Não prestei serviços
comunitários e nem se quer fui acusada de imprudência no trânsito”.
Tais pensamentos a acompanhava torturando-a
por ter acabado com sonhos e desejos de alguém tão jovem.
O
natal se aproximava e faria
um ano deste acontecimento triste fortalecendo
assim pensamentos culposos
e dúvidas. Ela
não estava contente com a confraternização natalina que a família
preparava. As festas de final
de ano se aproximavam. Já
havia passado de ano na escola. Afinal, era uma aluna dedicada e
aplicada. Só que em muitos momentos na escola, principalmente nos
momentos de lazer, ficava no pátio da escola, lendo e relendo um
livro, talvez pela quadragésima vez. Em uma das suas repetidas
leitura viu surgir inesperadamente um garoto com um maquinário
estranho nas pernas e ficou surpresa ao vê-lo sentar-se ao seu
lado. Ele olhou para ela
e disse:
-
Você é muito bonita! Gostei de você... Como é a história do
livro que está lendo?
E,
esse foi o início de uma longa conversa. Lawey e o garoto gostaram
tanto de conversar que ficaram ali durante a manhã inteira e só
perceberam o tempo passar quando ouviram o som da buzina do carro da
mãe do garoto. Despediram-se
e foram para casa. Ela
adorou o garoto, achou-o
lindo, simpático e
engraçado. Nem ela sabia ao certo o porquê daquela conversa ter
acontecido: “Proposital ou casual?”,
pensava.
Passaram
a conversar diariamente, afinal era final de ano na Escola e
entrariam em
recesso. O nome do garoto era
Bernardo, mas
ela prefiriu
chamá-lo de B... Daí
começaram a ir todas as
tardes para o parque da cidade. O
parque acabou ficando sem graça e começaram
a passear em outros lugares.
O
garoto andava
de um jeito estranho por causa dos ferros da
aparelhagem. Nunca
falava sobre o porque daquela situação e Lawey estava muito
encantada para prender-se a um detalhe tão insignificante.
Os
dias passavam e era quase natal. A
família de lawey estava ansiosa.
Mas, ela apesar de ter saído um pouco da sua caverna de solidão,
continuava mesmo fora presa ao passado. Foi
então que o garoto a convidou
para ir a um bosque próximo a sua
casa. Ele adorava este bosque
e foram acampar.
Ao chegar
no bosque armaram uma barraca e começaram a conversar, ao anoitecer
fizeram uma fogueira. A noite estava linda. As estrelas no céu
estavam brilhantes e o céu bastante claro. De repente, no
meio da conversa, Lawey perguntou a B. o
que havia acontecido com as pernas dele. Ele
contou que na noite de natal
do ano anterior um bêbado o havia
atropelado
quando cruzava a faixa de pedestre no sinal... o
deixando paraplégico. Lawey perguntou mais detalhes, temendo a
coincidência dos fatos. E... o que ela mais temia aconteceu: Todas
as evidências batiam com o acidente provocado por ela. Quem
atropelou B. foi Lawey!
Naquele
momento as cenas vividas e
reprisadas frequentemente por
Lawey vieram à tona e ela
deseperou-se, saiu correndo
do bosque. Bernardo
não tentou alcançá-la pois
os aparelhos nas
pernas o impossibilitava de
locomover-se com rapidez.
Surpreso,
não entendeu a reação de Lawey ao ouvir sua história. Sentiu-se
invadido por uma imensa solidão. Ela
manteve-se distante, não ligou. Ao
fazer uma reflexão dos fatos
chegou a seguinte conclusão: “Fui atropelado por Lawey,
e não por um bêbado. Ela deve estar sentindo-se muito culpada”.
Bernardo
sabia da confraternização natalina na casa de Lawey, pensou e
resolveu ir até sua
casa fazer uma surpresa.
Chegando lá viu tudo
decorado.
No jardim havia luzes nos galhos das árvores da fachada, na porta de
entrada uma guirlanda muito exuberante e motivos natalinos em todos
os cantos, a
enorme árvore
de natal na sala de estar e
a mesa posta para ceia. Tudo
muito lindo!
Naquele
momento Lawey arrumava-se no seu quarto. Estava muito
triste e solitária, mais do
que de costume. Mesmo assim arrumou-se da melhor forma possível,
buscando disfarçar a tristeza que a consumia. E,
ao descer lentamente a escada
esbarrou em uma caixa enorme
envolvida em papel vermelho
brilhante com um laço de fita verde no centro.
Aquele presente a deixou
curiosa, mas os familiares já
estava reunidos na sala e a confraternização começou de um jeito
diferente. Resolveram fazer antes da ceia natalina
a troca de presentes. Todos
os presentes menores foram abertos. Dai,
o pai de Lawey foi
até a enorme caixa de presente e fez
a leitura do cartão e,
este estava destinado a ela.
Mas, ao se aproximar para
começar abri-la a caixa abriu-se e de dentro saiu Bernardo.
Ela
ficou surpresa e feliz. Ao
aproximar-se
dela disse que sabia que fora ela que o atropelou. Que aquele
acidente havia acabado com o seu maior sonho: ser jogador de
basquete. Mas que Lawey não precisava sentir-se culpada. Afinal, ela
era humana e os humanos cometem erros. E que a noite de natal sempre
será um momento de amor,
felicidade, renovação e carinho. Bernardo
revelou que a amava, que sem ela a vida não tinha mais sentido, não
exitando a
beijou. Os familiares comemoraram a felicidade do casal. Foi o melhor
natal de todos os anos. A
partir daquele momento Lawey sentiu-se
renovada, sentindo-se
amada, feliz e livre de todas as culpas que
a atormentava.
O
verdadeiro espírito natalino traz
consigo
o poder de fazer a pessoa
renovar-se de modo
positivo a cada dia.
Ana
Daiane Rodrigues dos Santos
(Aluna
do Curso Técnico em Redes de Computadores, Turma A)
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigada pelo comentário! Siga o nosso Blog e veja as principais notícias da EEEP Wellington Belém de Figueiredo.